sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Razões para criar novos produtos - ou "Como é difícil entender o comportamento dos seres humanos!"

"Não se deve mexer em time que está ganhando", diz um velho ditado. Mas velhos ditados nem sempre correspondem à realidade. Portanto, não acredite neste. Em negócios, em marketing, assim como em tudo na vida, é preciso estarmos sempre modificando o "time", esteja ele perdendo ou ganhando. Se estiver perdendo, as modificações são necessárias para buscar vitórias. Se estiver ganhando, elas também são necessárias para que se continue conquistando mais vitórias. Como já vimos antes, o conhecimento é importantíssimo para a sobrevivência de pessoas, empresas e outras instituições. Mas o conhecimento requer inovação. Portanto, se o século XXI é o "Século do Conhecimento", é também o século da inovação. Para as empresas, uma estratégia que se confirma como cada vez mais eficaz é o lançamento de novos produtos.
As razões para isto são facilmente perceptíveis. Quando o consumidor descobre a existência de novos produtos no mercado, isto causa impactos importantes para o desempenho industrial. Os consumidores estão acostumados ao que já existe, mas querem conhecer novidades, especialmente aqueles que, apesar das sucessivas crises econômicas nacionais e mundiais, ainda conseguem, mesmo em que em pequeno grau, mudar de poder aquisitivo, estilo de vida, grau de escolaridade, etc.
Outro grande causador desses impactos, e que evidentemente nunca poderá deixar de ser considerado, é o ininterrupto avanço tecnológico. Ele viabiliza ao mesmo tempo a criação de novos produtos e a inovação em produtos já existentes. Graças a isto, você também, caro leitor ou cara leitora, possui algumas coisas que há pouco mais de 10 anos nem existiam no mundo. Por exemplo: aparelho de DVD portátil, telefone celular com funções múltiplas e a versão moderna e pequena do forno micro ondas (o primeiro forno micro ondas começou a ser comercializado nos Estados Unidos em 1947, era do tamanho de uma geladeira atual e pesava 340 kg). 
Como terceira razão, podem ser citadas as ações das empresas concorrentes. Muitas delas também lançam novos produtos e/ou copiam ofertas anteriormente feitas por outras empresas. 

A difícil arte de entender o consumidor


Entender o comportamento do consumidor é difícil porque é difícil entender o comportamento dos seres humanos.
O verdadeiro principal motivo para o frequente lançamento de novos produtos é o próprio consumidor - ou seja, somos todos nós. Quem não consome não sobrevive, e numa sociedade capitalista predomina a idéia de que quem consome mais tem maiores chances de conseguir patamares socialmente mais elevados. Mesmo quem não possui renda precisa comer, vestir-se, calçar, cuidar da higiene e da saúde pessoais, etc. Em resumo: precisa consumir. Até mendigos consomem, e alguém lucra com esse consumo: os albergues que eles ocupam durante as noites, os pratos de comida que eles recebem são gratuitos para eles, mas alguém paga por tudo isto: os cidadãos que pagam impostos. E quem recebe os lucros? Os governos municipais, estaduais e Federal. 
O consumo pode ser a realização de desejos, de necessidades ou de ambos. Na maioria das vezes, é a realização de necessidades, pois estas são, cada vez mais, resultantes da evolução da civilização. Atualmente, automóveis, telefones e outros produtos e serviços que até meados dos anos 1960 eram considerados "artigos de luxo", "coisas de gente rica", hoje são necessários para o exercício de todas as profissões e os principais desempenhos de funções pessoais. É impossível imaginar o bom desempenho de um profissional de qualquer atividade se este não tiver pelo menos um telefone fixo, um telefone celular e um micro computador conectado à internet no local de trabalho e em casa. Numa entrevista para emprego, o empregador não pergunta mais ao candidato qual é seu endereço residencial ou apenas o número do telefone para contato: pergunta qual é seu e-mail. Se a resposta for "não tenho e-mail", não será empregado. 
Outro tipo de serviço para consumo cada vez mais necessário para um bom desempenho pessoal e profissional é o de um bom curso de línguas, principalmente de inglês. E se o candidato a uma vaga para emprego tiver conhecimento de pelo menos dois idiomas estrangeiros, maiores serão suas chances de conseguir sucesso. 
Estas são apenas algumas das necessidades que surgem e sempre surgirão, e consequentemente criam e sempre criarão novas expectativas de consumo. Num país como o Brasil, o consumo é associado à idéia ilusória de superioridade: quanto maior for o poder de consumo de uma pessoa ou de uma família, maior será seu grau de superioridade e de "status" na sociedade. 
Esta ilusão se confirma de forma muito mais profunda quando se aproxima o final do ano. Basta os trabalhadores tomarem conhecimento da data em que em que receberão o décimo terceiro salário para já começarem a pensar como vão gastá-lo. Poucos são os que pensam em poupá-lo. Depois que o recebem, antecipam compras de Natal, e poucos se lembram que, já a partir do mês seguinte a dezembro (janeiro, o primeiro mês do próximo ano), virão vários impostos, as matrículas dos filhos nas escolas, as compras de material escolar, e, como agravantes, as prestações resultantes das compras de Natal. 
Em suma, janeiro é o mês da "ressaca" dos gastos feitos em dezembro. Em seguida, vem fevereiro -  o "mês do Carnaval". Aí, durante três dias, os foliões de todo o país, já endividados pelas compras de dezembro, gastam mais dinheiro alegando que "é Carnaval, é época de todo mundo se divertir". Mas esses "três dias de folia" vão custar ainda mais caro em março. E assim por diante...
A questão não é simplesmente entender o capitalismo ou o socialismo. É tentar entender o comportamento dos seres humanos.  


No próximo artigo: "Estratégias de desenvolvimento de novos produtos".

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