domingo, 15 de maio de 2011

Polêmica sobre participação de Ivete Sangalo e Cláudia Leite no Rock in Rio - outra estratégia de marketing que está dando certo.


A confirmação das participações de Ivete Sangalo e Claudia Leitte
no Rock in Rio 2011
gerou uma polêmica que na verdade
é mais uma estratégia de marketing que está dando certo. 

O caso é semelhante ao das propagandas da Bombril que estão seno veiculadas atualmente pela TV (veja o artigo anterior a este). A reportagem veiculada através do Jornal da Globo confirmou as participações das cantoras Ivete Sangalo e Cláudia Leitte No Rock in Rio deste ano, e os roqueiros mais tradicionalistas logo recorreram à internete para protestar: "No Rock in Rio, queremos somente Rock. Nada de Axé." Uns dizendo que não têm nada contra as duas cantoras  nem contra o "axé music" (não sei a razão do termo em inglês, mas isto significa "música axé"). 
Num debate que eu encontrei no Facebook, eu publiquei alguns comentários para ver até que ponto as discussões se estenderiam. Deu o resultado que eu esperava. Uma amiga minha, que é cantora (não revelo o nome em respeito a ela, uma pessoa da qual eu gosto muito, e porque não pedi a autorização dela para isto - ou seja, por uma questão de ética), lançou no ar a pergunta mais ou menos assim: "Ivete Sangalo e Claudia Leitte no Rock in Rio: o que elas tem a ver com o evento?" A reação de vários usuários do Facebook, fãs do rock, veio como uma bomba atômica: uns diziam que as duas cantam muito mal; outros, que não tem nada contra elas, mas que elas nada tem a ver com o Rock in Rio; outros diziam ainda que no Rock in Rio deve haver apenas rock, e por aí vai. Eu entrei na conversa para incluir meus comentários com a intenção de verificar o que aconteceria após essas pessoas lerem o que escrevi. 
A reação dos que participantes da polêmica foi tal como eu esperava: uns disseram "cada qual no seu devido lugar" - ao meu ver, uma clara comprovação de preconceito. Em meio à discussão, eu ainda os alertei de que tudo era uma questão de marketing: a diversificação de gêneros musicais certamente trará mais público para o evento.  A partir daí, veio novamente um resultado que eu já esperava: disseram que nem tudo pode ser visto do ponto de vista comercial - ou seja, muita gente ainda não percebe que não é possível realizar um evento, qualquer que seja, sem que haja por trás da organização interesses comerciais. 
Finalmente, incluí meu último comentário informando que aquelas pessoas - assim como muitas outras fora do universo da internet - estavam fazendo, de graça, um grande trabalho para o setor de marketing da organização do evento. Através dos debates que quem não viu o anúncio das presenças das duas cantoras no Rock in Rio agora sabem. Com isto, com certeza, mesmo que o número de fãs do rock seja maior, o número de fãs delas também tende a crescer, e o que mais interessa aos organizadores não é a presença de fãs do rock, do axé ou deste ou daquele artista, é o crescimento de público. Isto, com certeza, vai acontecer, graças ao trabalho feito de graça por quem participa desses debates, seja contra ou a favor. A maioria dessas pessoas ignora que está sendo usada numa estratégia de marketing muito bem montada.   

6 comentários:

  1. Claro que não podemos ser ingênuos de esperar que um evento de tal porte só tivesse rock (que hoje em dia está longe de fazer o mesmo sucesso comercial que antes, estou falando de rock mesmo, não de coisas atuais que chamam de rock). Mas cá pra nós, usar o nome "Rock in Rio", que já teve sua época magnífica, onde realmente o rock prenominava (obviamente por isso o evento surgiu na época até), em um evento que de rock mesmo só tem uns dois dias... É muita cara de pau, não acha?

    Chega a ser ridículo até... Principalmente pelo histórico do evento que trouxe o melhor da música mundial que fazia sucesso na ocasião, onde havia um cenário bem diferente do atual, o rock de verdade ainda influenciava muito as bandas que surgiam na época e as músicas que não eram exatamente rock, gostos a parte, sem dúvida eram mais ricas (musicalmente falando). Enfim, melhor ou pior (pois não é isso que quero debater), era outra época!

    O fato é que obviamente um festival dessa grandeza irá trazer artistas que estão nas paradas de sucesso no momento, porque é algo pra se ganhar dinheiro mesmo, mas tendo em vista que o que faz sucesso hoje em dia não tem absolutamente nada a ver com o que fazia sucesso nas edições anteriores, fica no mínimo uma situação forçada.

    Na boa, colocar misturebas como NX0 no mesmo dia que Red Hot? Olha, pode até não dar em nada, mas ta arriscado a acontecer situações como a do último evento em que o Carlinhos Brown foi atacado por uma chuva de garrafas e latas... O problema é esse, ligar a marca "Rock in Rio" ao que faz sucesso na atualidade, que não tem absolutamente nada a ver com o passado do evento... Deveriam mudar esse nome e fazer outro tipo de festival. Será que não tem capacidade pra isso? Dinheiro eu sei que com certeza tem...

    Tendo em vista o cenário musical atual e levando em conta que as pessoas um dia morrem (o pouco de rock do evento esta na presença de bandas que surgiram há um tempo), se ainda insistirem em usar essa marca em eventos posteriores, vai acabar tendo qualquer tipo de música, menos rock.

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  2. Olá, Mariana!
    Amiga, se houve pessoas que fizeram aquilo no show de Carlinhos Brawn, como você mesma disse, não foi por causa de Carlinhos, foi porque eram mal educadas mesmo, e fariam isto com ou sem a participação de qualquer artista. Gente educada, mesmo sendo contra a participação deste ou daquele artista, não age desta forma, eram pessoas que estavam ali apenas para fazer baderna de qualquer jeito, em qualquer situação.
    Além disto, você não entendeu o texto. Ele não foi escrito com o objetivo de se colocar em discussão se a participação de determinados artistas no Rock in Rio é certo ou errado. O que está sendo dito no texto é que as pessoas que participam da discussão, assim como você está participando agora, estão sendo incluídas, sem que elas percebam (você também está, e não percebe) num esquema de marketing que já é antigo mas sempre funciona - e favorece as cantoras. Toda essa discussão é exatamente o que elas mais querem, isto resulta numa excelente propaganda para elas, e de graça.
    Um abraço!

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  3. Olá!

    Sim, pessoas mal educadas, mas mesmo assim o que eu quis dizer foi que se não estivessem naquele mix de artistas provavelmente não fariam aquilo, entende? Esses dias mesmo teve um show do Bon Jovi onde tiveram a infeliz ideia de ter como banda abertura o NX0 (ah, se n foi NX0, foi uma dessas outras emo)... Deu numa situação parecida com aquela do Carlinhos... E olha que Bon Jovi nem é Rock mesmo, é um Rock beeeem pop! É assim, quem curte um tipo de som, vai pra escutar aquele tipo de som e não ter de bonus uma coisa que não tem nada a ver (e além de n ter a ver a galera ainda detesta)... Não quero dizer que esses caras tem que ter essas atitudes, a melhor seria se ausentar mesmo, mas só estou sendo realista.

    Quanto ao marketing, sim eu entendi e até imaginei mesmo que vc ia comentar isso, heheh. Como eu falei eu entendo isso, eles querem ganhar dinheiro e obviamente vão colocar pra fazer show o que está vendendo no momento, mas não entendo muito no que favorece as cantoras um papo como esse... Não sei se acredito nisso, pq falar nelas não vai fazer quem não gosta passar a gostar ou ter vontade de ir no Show, no máximo pode ajudar a divulgar mais o evento, mas sinceramente quem gosta desses artistas já vai ta sabendo com antecedência que eles vão tocar lá e se forem pra ir já vão mesmo. O que sei é que quem gosta dos artista que irão tocar, vão, e muitos desses vão em um dia que tocará um ou dois artistas que essa pessoa realmente gosta (por esse mix q falei e q todo mundo sabe, uns artistas q n tem nada a ver com outro, no mesmo dia) e, por conta dos mal educados q não temos como prever quem são, é possível que ocorram situações chatas...

    Sendo marketing ou não, continuo achando uma forçação de barra ridícula isso de se chamar rock in rio... E sinceramente creio que conseguiriam fazer um show do mesmo porte com outro nome... Pq sendo esse nome ou outro acredito no sucesso pq as pessoas não vão pelas atrações, a não ser que dê alguma confusão por conta dessa mistureba de artistas... Por isso acho desnecessário continuar com essa ilusão de chamar o evento de Rock in Rio... Soa muito ridículo e com outro nome poderia fazer o mesmo sucesso, pq como falei, a galera q curte mesmo esses artistas q dificilmente vem pras bandas de ca, vai querer ir ao show deles. Se bem que do jeito que tem pessoas idiotas, deve ter umas que vão mesmo só pela marca do evento, é ridículo, mas deve ter mesmo... Mesmo assim ainda acredito que com outro nome, venderiam ingressos do mesmo jeito, pq quem gosta do artista q vai tocar lá, não vai querer perder.. Mas é isso ae!

    Abraço e até!

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  4. Olá, Mariana!
    O que você contou sobre o ocorrido no show de Bon Jovi comprova o que eu disse: essas pessoas não agem assim por não gostar do artista, agem desta forma apenas por querem mesmo fazer isto. Querem simplesmente fazer baderna, e a farão de qualquer jeito, seja no show de quem for.
    O "Rock in Rio" já não é mais um festival de rock há muito tempo, mas o nome não pode ser modificado tão facilmente assim porque se trata de uma marca registrada, cujo produto é o show e cujos consumidores são as pessoas que vão assisti-lo. O mesmo acontece com a Banda da Polícia Militar do Espírito Santo: há muito tempo que ela já é uma orquestra, tão grande quanto a Orquestra Filarmônica do Espírito Santo, mas ainda detém o nome de "Banda da Polícia Militar". Pois não é simplesmente um nome, é uma marca registrada.
    Por isto, no caso do Rock in Rio, as cantoras Ivete Sangalo e Cláudia Leitte são favorecidas. Por não conhecer regras do marketing, muitas pessoas acham que o evento deveria ter outro nome já que não se trata mais de apenas shows de Rock. Como a marca registrada tem que ser mantida, isto gera polêmica. Soma-se a isto o seguinte: se você fala bem de um produto, muitas pessoas poderão querer experimentá-la para saber se elas também gostarão; mas se você disser que um produto ruim pode ser comprado no Supermercado Tal, tem muita gente que gosta daquele produto e vai ao Supermercado Tal para comprá-lo. Com as duas cantoras acontece a mesma coisa: muitos fãs delas que já sabiam desde o início que elas participarão já garantiram seus ingressos para vê-las no "Rock in Rio", e muitos fãs que provavelmente ainda não sabiam ficaram sabendo através dos debates alimentados pelos que são contra a participação delas através da internet e de outros meios. Ou seja, os que são "contra" acabaram ajudando, mesmo sem querer, a divulgar aos fãs que elas participarão, e isto as favoreceu.
    Este é um dos esquemas mais antigos do setor de marketing. Um profissional de marketing que está trabalhando para elas finge ser contra a participação das duas e põe, na internet ou onde quer que seja, uma mensagem como se estivesse protestando contra elas. Pessoas que são contra respondem apoiando-o, pessoas que são a favor respondem contra ele e contra os que o apoiam, e aí começa e cresce a polêmica. Ou seja, o que aconteceu de fato foi que o profissional de marketing, que tinha a incumbência de fazer a propaganda para as duas conseguiu envolver as pessoas favoráveis e contrárias, fazendo com que todos - inclusive os contra - fizessem, de graça, todo o trabalho para ele, que ganhou muito dinheiro com isto ainda favoreceu as duas cantoras.
    Lembra dos polêmicos out-doors com propagandas dos produtos da Benetton em todas as capitais do Brasil? Eles geraram muita polêmica porque muitas pessoas achavam que as mensagens eram preconceituosas. É claro que o profissional de marketing que criou as propagandas sabia que isto ocorreria. Como resultado, a Benetton foi obrigada a retirar os out-doors mas ainda assim seus produtos alcançaram altíssimos volumes de vendas por isto. Este foi o mesmo esquema aplicado no caso das duas cantoras no "Rock in Rio".
    Grato pela sua participação.

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  5. MARCOS MOURA
    O que não se pode fazer é ficar inerte a tal "profanação" do evento, caracterizado como o baluarte do rock. Repito o que muitos já disseram, nada contra o Axé e quem curti esse estilo de música, mas cada qual no seu lugar. Quem vai ao Rock in Rio é porque gosta do rock, quem não gosta, não precisa ir. Tantas bandas de rock, alternativas (de qualidade), precisando de espaço e visibilidade, enquanto segue-se essa sacanagem. Vale o protesto.

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  6. Olá, Marcos.
    Você não entendeu o objetivo do artigo que você leu. O texto não opina se é certa ou errada a participação de não roqueiros num evento como foi o Rock in Rio. Ele informa que a discussão funcionou como um esquema de marketing dentro do qual mesmo as pessoas que se manifestaram contra estavam favorecendo a participação das duas cantoras - e de fato foi o que acabou ocorrendo, pois o que se via pela TV era uma imensa maioria da platéia (roqueiros e não roqueiros) cantando e dançando durante as apresentações delas.

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